segunda-feira, 4 de julho de 2016

A verdadeira natureza do espaço e do tempo







Pense agora no seguinte: se não existisse nada, só o silêncio, ele não teria nenhum
significado, porque você nem ia saber o que era aquilo. Só quando o som apareceu é que o
silêncio passou a ter um sentido. Da mesma forma, se só existisse o espaço, sem nenhum
objeto, ele também nada significaria para você. Imagine-se como um ponto de consciência
flutuando na imensidão do espaço, sem nenhuma estrela, nenhuma galáxia, somente o
vazio. O espaço não teria imensidão, ele nem estaria ali. Não haveria velocidade, nem
movimento de um ponto para outro. São necessários ao menos dois pontos de referência
para que a distância e a velocidade possam ter um significado. O espaço só passa a ter um
significado no momento em que a Unidade se transforma em dois, e em que, como “dois”,
se transforma em “dez mil coisas”, que é como Lao-Tsé chama o mundo manifesto. É
assim que o espaço se amplia cada vez mais. Portanto, o mundo e o espaço surgem no
mesmo momento.
Nada poderia ser sem que houvesse o espaço, ainda que o espaço não seja nada.
Mesmo antes que o mundo existisse, antes do “Big Bang” se você preferir, não existia
nenhum espaço vazio esperando para ser preenchido. Não existia nenhum espaço, assim
como não existia coisa alguma. Só existia o Não Manifesto, a Unidade. Quando a Unidade
se transformou em “dez mil coisas”, o espaço, de repente, mostrou que estava ali,
permitindo que as mil coisas existissem. De onde ele terá surgido? Será que Deus o criou
para acomodar o mundo? Claro que não. O espaço é coisa nenhuma. Portanto, ele nunca
foi criado.
Saia de casa em uma noite clara e olhe para o céu. Os milhares de estrelas que
podemos ver a olho nu não passam de uma fração infinitesimal do que existe lá por cima.
Os telescópios mais potentes já conseguem identificar um bilhão de galáxias, cada uma
formando um “mundo isolado”, contendo, cada um, bilhões e bilhões de estrelas. Ainda
assim, o que inspira mais respeito é o próprio espaço sem fim, a profundidade e a quietude
que possibilitam que toda essa grandeza exista. Nada poderia inspirar mais respeito e 
grandiosidade do que a inconcebível imensidão e quietude do espaço, e, ainda assim, o que
ele é? Um vazio, um imenso vazio. Aquilo que se apresenta para nós como espaço, no
nosso mundo percebido através da mente e dos sentidos, é a forma exteriorizada do
próprio Não Manifesto. É o “corpo” de Deus. E o grande milagre é que essa quietude e
imensidão, que permitem o universo ser, não estão apenas lá no espaço, estão também
dentro de nós. Quando estamos inteira e totalmente presentes, nós o encontramos como o
espaço interior e sereno da mente vazia. Dentro de nós, ele é imenso em profundidade, não
em extensão. A extensão espacial é, em última análise, uma percepção distorcida da
profundidade infinita, uma característica da realidade transcendental única.


Trecho extraído do livro - " O poder do Agora de Eckhart Tolle"

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